sexta-feira, 22 de agosto de 2014

National Insurance Number e SimCard GiffGaff

Olá a todos! Aproxima-se o dia da partida e uma discreta ansiedade já se faz sentir. Estes últimos dias têm sido de puro descanso, na companhia da família e a ultimar alguns pormenores.

Escrevo-vos para vos falar acerca do National Insurance Number (Número da Segurança Social - que precisarão para trabalhar no UK). Para solicitar o vosso NIN terão que realizar uma marcação prévia através do 0044 845 600 0643 (de Portugal) entre as 8:00 e as 18:00 de segunda-feira a sexta-feira. É uma chamada de valor acrescentado pelo que ficará consideravelmente mais barato se for efectuada por VOIP (foi o que eu utilizei e ficou livre de custos), ou então podem pedir um cartão para telemóvel com número inglês (por exemplo o GiffGaff - http://giffgaff.com - que tem uns planos bastante interessantes embora também não conheça outros. Aproveitei para mandar vir e já fico com número inglês. Escolhi o de 12£ mensais que dá direito a 250 min. grátis para números UK; mensagens e internet ilimitados. Assim ficamos com o Skype, Viber, Whatsapp para Portugal). 


O tempo de espera de vaga ronda em média duas semanas o que significa que poderá ser mais ou menos demorado. Os meus amigos aconselharam-me a tratar disto ainda cá e disponibilizaram-me a sua morada para onde os serviços enviarão uma carta com o agendamento. Se o quiserem fazer será necessário uma morada do Reino Unido e dizer que já lá estão ou caso contrário, pedir-vos-ão que contactem novamente os serviços quando chegarem ao Reino Unido. Será necessário um número inglês (o que eu contornei dizendo que tinha acabado de chegar e não sabia o número de cabeça) e estejam preparados para o caso de vos agendarem vaga para uma data antes da vossa chegada (digam que estão de visita a Oxford nessa data).
Durante a chamada telefónica dar-vos-ão um número de referência e ser-vos-á pedido que forneçam alguns dados pessoais: nome, morada, data de nascimento, há quanto tempo estão no Reino Unido, contacto telefónico e o porquê de precisarem do número. Posteriormente dar-vos-ão o endereço, data e hora do centro mais próximo da vossa morada. Se precisarem poderão solicitar um tradutor mas isso atrasará o processo.

Os documentos que deverão levar no dia da marcação serão: passaporte, comprovativo de morada, a referência e o número de contacto inglês (caso não o tenham fornecido na primeira chamada).

Exemplo de uma chamada:

Morning, XXX speaking, how can I help?
Hello, I would like to apply for my National Insurance Number.

Ok, are you in the UK at the moment?
Yes

Perfect. Have you applied before?
No, it is the first time

Ok, so why do you need the National Insurance number please?
I am looking for a job and I need the number to work

No problem. What nationality are you?
Portuguese

Do you have any other nationalities?
No

How long have you been here? When did you come to the UK?
A fews day ago / Last week / Two weeks ago

Ok. So what is your surname please? Your last name

Ok. What is your date of birth please?

Ok. What is your first name please?

Ok. And your post code please?

Ok. And what is your address please?

Thank you. And have you got a contact telephone number please?

Thank you. So, are you looking for a job at the moment?
Yes

And do you have any disabilities or health problems?
No

Ok. So I just need to give you a reference number first of all for your application, so if you will like to write down this number please?
Ok

The reference number is: XXX
Ok

So I am going to look up now to what appointments we have available, ok? So just one moment please.
Ok

The nearest place you can have the appointment done is the job centre in XXX.
Ok

The next available appointment we have is on the XXX at XXX
Ok

Do you know where the Job Centre in XXX is? Or would like the address?
Yes please, tell me the address

The post code is XXX and the address is XXX.
Ok, thank you

Ok, when you go there you have to bring along with your passport and a proof of address, and anything that you have from where we can get your identity
Ok, no problem

So just to remind you, the appointment will be on the XXX at XXX in the Job Centre in XXX, is that ok?
Yes, it is ok

Ok perfect. Thank you for your call. Bye.
Bye!

segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Good News vs Bad News

Escrevo-vos das minhas férias para vos pôr ao corrente das últimas novidades. Pois bem, na semana passada recebi o tão esperado e-mail. A confirmação de que terei vaga na residência do hospital, em Londres. O e-mail chegou com um pedido de confirmação até dia 11 de Agosto e um pagamento de 340 libras reembolsáveis até dia 14, por cheque. Terá uma renda mensal de 490,98 libras com despesas incluídas, à excepção de Internet e telefone.

A residência fica em Hammersmith e para chegar ao hospital basta atravessar a rua. Pela descrição, existem apartamentos de 4, 5 e 6 quartos (ainda não sei como será o meu) com zonas comuns (cozinha, WC). O quarto terá obviamente uma cama, uma cadeira, uma secretária, um roupeiro e um lavatório com espelho. As zonas comuns serão limpas uma vez por semana, por funcionários da residência.

Parece-me perfeito para começar. Não será decerto uma casa de sonho não obstante com esta renda e localização, irá dar para me estabelecer nos primeiros tempos e posteriormente estudar novas hipóteses.

Uma vez que a confirmação do meu interesse na residência já seguiu na sexta-feira passada via e-mail hoje, foi dia de tratar do pagamento das 340 libras. Decidi acordar cedo pois férias não são só para mim e isso faz-se sentir por estes lados, em plenas festas do concelho e com muito emigrante a matar saudades da terra. Cheguei à agência da CGD às 9:00 (pensando que seria relativamente cedo para quem está de férias mas, para estas "bandas", as pessoas são trabalhadoras e gostam de madrugar) e não queria acreditar no que os meus olhos viam. Aquilo estava apinhado! Emigrantes franceses, na sua maioria. Tirei a senha com o número 80 que me informou que teria 48 pessoas à frente. Respirei fundo e, uma vez mais, como noutras tantas ocasiões ao longo destes últimos dias, amaldiçoei mentalmente todos aqueles emigrantes que roubam os lugares de estacionamento, que empatam no trânsito, que resolvem vir todos numa segunda-feira às 9:00 da manhã para uma agência bancária. De repente senti-me envergonhado! Muito em breve também eu serei um emigrante se bem que, tenho sérias dúvidas se o mês de eleição para vir ao norte será o Agosto.
Deixei então para trás aquele ambiente saturado e dirigi-me ao quiosque mais próximo para comprar o Jornal. Ía ocupar o tempo de espera a lê-lo, enquanto aproveitava o Sol que hoje se faz notar por estes lados.

Estarão vocês a perguntar-se o porquê das bad news no título deste post. Não, as bad news não são os emigrantes, não é o tempo de espera nem tampouco o e-mail que descobri na minha caixa de correio electrónico a informar-me que só poderei recolher as chaves do quarto, em Londres, no dia 2 de Setembro (situação esta que ficou resolvida com a disponibilidade da Ami e do Vítor, a quem muito tenho a agradecer, em me albergarem nesta primeira semana, em Londres).

Mal passo o olho pelas gordas, salta-me à vista uma manchete que em nada me espanta e me deixa num misto de tristeza e felicidade.


Felicidade porque ao que parece, finalmente se começa a dar alguma visibilidade aos problemas que se vivem neste momento em Portugal, na carreira de enfermagem; felicidade porque, e sendo um pouco egoísta, vou embora e espero encontrar uma realidade bem diferente ou, pelo menos, algum reconhecimento. Tristeza, porque dada a situação económica que atravessamos em Portugal, temo que teremos de continuar a viver no fio da navalha como já vem sendo hábito; tristeza porque pertenço aos 34% que mudaria de profissão; tristeza porque tive o privilégio de poder partilhar a prestação de cuidados nestes 7 anos com excelentes profissionais com os quais me sinto solidário e que, vão segurando as pontas e dando o seu melhor a cada dia mas que são confrontados com a frustração da incapacidade para a prestação de cuidados de excelência. Triste porque sou obrigado a deixar o meu país para procurar um futuro melhor lá fora.

Depois de muita paciência e mais meia dúzia de desgraças, lá chegou o tão esperado 80. Dirigi-me prontamente à caixa respectiva onde, para meu desespero, fui informado que para pedir o cheque teria de tirar a senha “outros serviços”. Aproveitei para fazer o depósito duns “dinheiros” que tinha pendente e fui então reencaminhado para os “outros serviços” onde, findos uns breves dez minutos, fui atendido. Pedi o cheque que estará disponível amanhã ou depois. Espero que chegue atempadamente pois devo enviá-lo até dia 14 de Agosto.

Finalmente, regressei a casa e ao ócio das férias, na eminência porém, de que terei de voltar a Lisboa para trazer a restante mobília. Estou nas mãos do responsável pelos transportes.

Update:
22:57 - A tal chamada chegou hoje. Amanhã rumarei a Lisboa para preparar os restantes pertences para o transporte! E eu que até estava contente com as minhas ociosas férias!!! Enfim...

terça-feira, 5 de agosto de 2014

Portugueses pelo mundo - Londres







Burocracias, rescisão, mudanças e preparação

Após ter ficado com o lugar no Charing Cross Hospital, dirigi-me ao departamento de recursos humanos onde deixei cópias de alguns documentos, para assim dar início ao processo de contratação. (Comprovativos de morada, cópia do passaporte e cópia do PIN do NMC). Passadas duas semanas, com uns feriados pelo meio, recebi um e-mail onde me era apresentado um contrato de trabalho tipo, me era pedido para preencher alguns formulários, como o generic functional requirements form (para atestar que estava completamente capaz e não tinha nenhuma necessidade especial) e o joining pack (informação biográfica, emprego prévio e questões sobre segurança social). Foi-me pedido também que enviasse o registo criminal para fazerem algo a que chamam "Identity Check" e que, segundo me foi explicado, serve para confirmar que toda a informação por mim facultada é verdadeira.
Após esta confirmação, tinha carta branca para realizar a rescisão de contrato com a entidade patronal, em Lisboa. Entreguei a carta no dia 10 de Junho, com efeitos a partir de dia 11 e, a partir desta data iniciei a contagem decrescente para os dois meses que tinha que dar à instituição. 
No dia 14 de Julho deixava o hospital. Deixava alguns amigos e colegas de trabalho, que estiveram comigo desde o início. Se querem saber a verdade, a despedida não soube a despedida. Foi como se a qualquer momento pudesse voltar para mais um turno. O passar destas semanas, traduziu-se em férias e ainda não tive oportunidade para sentir saudades!! Parece-me que isso fica para mais tarde. Para quando puser os pés nas terras de sua Majestade.
Por outro lado, o ambiente que se vive naquele serviço e que me arrisco a dizer, ser transversal a todo o hospital e a todas as classes profissionais, fez com que este afastamento fosse como uma profunda inspiração após ter estado submerso por vários segundos nas profundezas do oceano.
Agendei a minha ida para Londres para 25 de Agosto e tratei do alojamento, que inicialmente será a residência do hospital, caso a situação se proporcione pois existe uma lista de espera e ainda estou à espera de uma resposta.
Como não gosto de deixar para amanhã o que posso fazer hoje, ainda não tinha deixado o hospital e já empacotava, desmontava, arrumava, limpava e tudo o resto que envolvem as mudanças.
Preparava-me para a minha 12ª mudança de residência, desde que nasci. Claro que não me lembro de todas mas, as recentes chegavam para saber o que me esperava. Oito anos foram suficientes para gerar uma pequena montureira de tralha. A verdade é que também tenho alguma dificuldade em desfazer-me de coisas que não servem para nada mas que, por um motivo ou por outro, me trazem à memória alguma recordação especial. E aí sim, veio a nostalgia. Mas é também nestas alturas, que cumprido o luto de algumas delas, as ponho no lixo.
Posso dizer-vos que já trouxe dois carregamentos, no meu quase morto, Opel Corsa (que se portou muito bem) e que ainda lá ficou pelo menos mais um.
Como preparação uns livros em inglês (técnicos e não só) para aumentar o léxico e avivar a memória. Uns outros sobre Londres e os ingleses (recomendo "Bifes mal passados" para quem procura uma leitura leve e bem disposta, com algum sarcasmo, acerca dos nossos amigos ingleses e escrito por um português radicado lá há vários anos e "Histórias de Londres" um tipo de leitura mais séria por um, na altura, correspondente do El Pais) para saber o que me espera.
Agora estou de férias, no pleno sentido da palavra e assim será até ao dia 17 de Agosto, quando regresso a Lisboa para os últimos preparativos, não obstante tenho algumas preocupações como sendo o alojamento e os limite de 20Kg de bagagem. Afinal de contas, não vou de férias e não tenho data para regressar...

O meu muito obrigado, a todos aqueles que de uma forma ou de outra, me ajudam neste caminho novo que estou a percorrer, desconhecido para mim mas já trilhado por outros. Foram incansáveis e sempre disponíveis.

segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Entrevista no Charing Cross Hospital


28 de Maio de 2014, 10:00 da manhã e lá me encontrava eu para "A" entrevista.

Chegado com a devida antecedência, dirigi-me à ala norte do edifício, como constava do e-mail que me tinha sido enviado pelos recursos humanos. Para poupar tempo, perguntei à recepcionista como fazer para chegar ao décimo andar. Apanhei um de quatro elevadores e cheguei à enfermaria de Neurologia, onde fui recebido pela Neurosciences Matron (uma espécie de coordenadora da área de Neurociências). Muito simpática e afável, apresentou-se e encaminhou-me ao seu gabinete. Informou-me que seria necessário realizar uma prova escrita e, posteriormente, no caso de aproveitamento positivo, seria entrevistado (não foi novidade, uma vez que, esta informação já me tinha sido transmitida pela equipa dos recursos humanos). A prova constava de cálculos simples de dosagens medicamentosas (regras de três simples, reduções) e algumas questões práticas (dos seguintes fármacos escolha dois anti-histaminicos, três anti-hipertensores; se for administrar o fármaco X quais os cuidados prévios que deve ter?; e outras deste género). 
Entretanto, sucedeu-se uma situação caricata. A Matron deu-me a prova e de repente parecia que era ela que ía para a entrevista. Tinha um ar perdido como se não soubesse o que era suposto fazer de seguida.
Fora-me comunicado pelos recursos humanos que seria necessário levar calculadora mas achei por bem perguntar se a podia utilizar. Ela ficou a olhar para mim, e com um ar de quem não tem muitas certezas, disse-me que sim. Ausentou-se do gabinete e eu fiquei entregue à prova. 
Dois minutos depois, regressa com ar aflito mas sempre muito simpática e diz-me: - Acho que não é suposto deixá-lo sozinho mas fique à vontade, eu vou estar por aqui. Não tardou muito, até a calculadora ficar sem bateria. Boa, e agora!?? Tinha um computador à frente mas achei que não seria a melhor opção, não fosse ela pensar que estava à procura das soluções na net :) Deveria pedir uma calculadora??? Mas tinham-me dito que tinha que levar a minha e a Matron estava com um ar mais perdido que eu. Pois bem, sem grandes cerimónias, saquei do telemóvel e toca a fazer contas!!!
Terminada a prova, fui apresentado à colega responsável pela unidade de AVC's que, logo de seguida me informou que também era portuguesa (sempre em inglês na presença de ingleses, claro)... Não imaginam como foi bom sentir-me, mesmo que por breves segundos, perto de casa. Alguém que sabia como se faz no meu país!!
Depois de uma espera de 15minutos na sala de pausas da enfermaria, onde pude ter uma agradável conversa com uma aluna de enfermagem, fui novamente chamado ao gabinete.
A Prova tinha corrido bem (o que eu já sabia) e iniciamos a entrevista. Tal como as entrevistas anteriores haviam as perguntas tipificadas e algumas perguntas práticas sobre resolução de conflitos, controlo de infecção, liderança, projectos, entre outras. Confesso que mais uma vez estava nervoso. Não me assustavam as perguntas pois para essas, os quase oito anos de experiência em Portugal, tinham-me deixado bem preparado. O que me era mais constrangedor era o inglês "enferrujado". A sensação que tinha mais para dizer e de que as palavras fugiam.
Finda a entrevista, foi-me apresentada mais uma enfermeira portuguesa. Esta por sua vez, com ar de poucos amigos e que no final se veio a revelar uma agradável surpresa, com direito a oferta de chávena de chá, em português e à frente de ingleses. Afinal, que  esperar de uma portuguesa! :)
Regressei à sala de pausa enquanto se decidia a minha sentença. Em cinco minutos tinha resposta positiva e a Matron disse-me: - Estava tão nervoso! Com a sua experiência tinha dúvidas que ficava?! Em que serviço quer ficar? 
Ao que respondi: - NEUROCIRURGIA

sábado, 2 de agosto de 2014

Experiência com empresa de recrutamento

Eu, a Ami e o Víctor. Amigos que me deram alojamento nesta ida a Londres. Um obrigado especial!
Como prometido, aqui estou eu novamente, para vos falar da minha experiência com uma empresa de recrutamento. Estando eu um pouco perdido nestas andanças, pedi alguns conselhos a amigos meus que já tinham emigrado. Recomendaram-me esta empresa de recrutamento pela boa experiência que tiveram. Pois bem, entrei em contacto com eles e logo de início se mostraram muito prestáveis e atenciosos. Colocaram-me algumas questões acerca da minha experiência enquanto profissional e área preferencial de trabalho.
Queriam que lhes dissesse quais as minhas intervenções autónomas e interdependentes, na área em que trabalhava. Informação concreta para elaborarem um currículo o mais pormenorizado possível, já que, a prática de enfermagem é bastante diferente no Reino Unido.
Começaram a surgir as primeiras ofertas e, sempre que surgia alguma que me poderia interessar, eles entravam em contacto comigo para confirmar se poderiam enviar o meu CV.

Sentia que as coisas estavam encaminhadas, até ao dia em que enviei um e-mail ao agente da empresa que acompanhava a minha situação. Para meu espanto, recebo resposta de uma outra agente dois dias depois, a comunicar que ele estaria doente e que, a partir daqui, seria ela a tratar do assunto. Era uma senhora bastante expansiva e extrovertida (pelo menos ao telefone) que nem se deu ao trabalho de conferir as minhas preferências de especialidade ou local. Ía ser uma festa! Não pusesse eu travão na mulher e estava referenciado para umas quantas ofertas que não me interessavam (quer em termos salariais quer em termos de especialidade). Era notório que recebia à comissão e, se para ela qualquer coisa servia, para mim também deveria ser assim. (Óbvio que não me apercebi logo da coisa)
A coisa compôs-se e fui referenciado para três propostas. Restava esperar que me chamassem para entrevista (e que espera...dizem que temos muitos feriados...não imaginam os feriados que estes tipos têm!!!)

Era terça-feira por volta das 9:30 e toca o telemóvel! Era da agência. Queriam saber se poderia estar lá na quinta-feira. Como nestas coisas não podemos ser esquisitos pedi até às 12h para dar uma resposta. Estava a trabalhar. Iria ter que conseguir trocar turnos, marcar voo...muito jogo de cintura mas lá se arranjou. Quando ligam a confirmar tinha tudo orientado mas... ingenuidade a minha...seria para realizar as três entrevistas na quinta-feira??? Não era só uma. Se a coisa corresse mal teria que voltar a passar pelo mesmo e voltar a gastar o dinheiro num voo (não propriamente baratos quando marcados em cima da hora para não falar do erro de marcar a volta para o dia da entrevista...incha mais 100€) Falei com eles e ficaram de tentar marcar outras entrevistas para o mesmo dia.

Chegado a Londres, em dia de greve de metro, era o CAOS. Ía conhecer a tão famosa senhora da agência de recrutamento. Fiquei hospedado na casa de amigos e fui com uma amiga, até à dita agência. Umas quantas horas para conseguir chegar devido à greve. Entramos no edifício e, quando conheci a agente responsável pelo meu processo, compreendi tudo. Era uma senhora dos seus trintas e muitos, bastante expansiva de facto e que, parecia muito bem integrada na cultura britânica, pelo menos no que se refere a álcool e regabofe. Foi uma viagem desperdiçada, sem nenhuma informação nova e no final resumiu-se à esperança de que surgisse pelo menos, mais uma entrevista. Muitas graçolas pelo meio e uns comentários do tipo - Vai para casa praticar com a tua amiga para a entrevista de amanhã. - Bebe uns copos de vinho para descontrair!!! (Bem, pelo menos vim de lá bem mais descontraído, tal não foram os comentários acerca da personagem, com a minha amiga no regresso a casa).

Nessa mesma noite recebi o esperado e-mail. Uma nova entrevista no dia seguinte.

Dia das entrevistas
Aperaltei-me todo para fazer boa figura e lá fui eu, com as pernas bambas, como se fosse para a forca. Não que não estivesse seguro, mas o facto de não me conseguir expressar fluentemente causava algum pânico.
Cheguei à primeira entrevista e, depois de um longo questionário sobre situações práticas e menos práticas sou confrontado com um erro no CV. Um mal entendido. A agência dizia que eu tinha mais experiência do que aquela que de facto tinha, na área para a qual me propunha. "A bota não batia com a perdigota". Vi logo que a coisa ía correr mal para o meu lado. Terminou a entrevista, despedi-me e fui almoçar.

Segunda entrevista. Ía cheio de confiança, afinal de contas, já não era a primeira. Uma unidade tal qual aquela em que trabalhava... O mesmo estilo de entrevista. Nada podia correr mal mas de facto, correu. O nome da unidade que constava do currículo não correspondia com a área em que trabalhava em Portugal, tendo mesmo sido confrontado com a pergunta - Não foi o senhor que fez o seu CV? Limitei-me a ser sincero (eles fizeram o meu CV) e fazer figas para que o erro da empresa de recrutamento não me fosse prejudicial.

Regressei a Portugal e recebi dois redondos NÃO. A agente não entendia: - O que correu mal? -Mas a sua experiência - Não percebo? -Logo que surja algo novo eu informo (- A minha bela comissão! - devia pensar ela no seu âmago)

A partir daí as ofertas foram menos interessantes e tive a clara impressão de que me era oferecido qualquer coisa. Ela percebeu o meu desinteresse quando a informei que iria começar a procurar autonomamente, através do site do NHS - National Health Service. Não voltou a entrar em contacto comigo com novas ofertas.

No site do NHS, tratei do meu CV, escolhi o que me assentava melhor em termos de preferência, fui à entrevista e fiquei!!



Inscrição no NMC

Pois bem, se pensam atirar-se nesta aventura recomendo alguma paciência pois o processo de inscrição no NMC - Nursing and Midwifery Council é bastante moroso e requer algumas diligências. Existem algumas empresas de recrutamento que conseguem agilizar o processo junto do NMC. Confesso que a minha experiência com empresas de recrutamento não foi a melhor mas já vos contarei mais à frente (Atenção, não irei referir o nome da empresa para não ferir susceptibilidades. Apesar da minha má experiência, conheço colegas que ficaram bastante satisfeitos e as coisas correram muito bem através desta mesma empresa. Penso que é uma questão de sorte com o agente que nos "calha na rifa").
Voltando à inscrição no NMC, o primeiro passo será ir a este site:
http://www.nmc-uk.org/Registration/Joining-the-register/Trained-in-the-EU-or-EEA/Trained-in-Portugal/
Preencher o formulário e pedir que nos enviem o formulário para inscrição. Geralmente é rápido e, ao fim de uma semana, recebemo-lo na nossa morada.

Enquanto esperam o formulário podem começar a tratar da tradução dos documentos necessários:
- Certificado de curso: cópia do original certificada com tradução certificada
- Certificado Internacional de Nascimento: cópia certificada
- Registo criminal (atenção válido por 3 meses): penso actualmente ser possível enviar o original
- Cartão do Cidadão: cópia certificada
- Cédula profissional: cópia certificada
- Declaração de boa conduta da ordem dos enfermeiros: cópia certificada com tradução certificada
- Contagem de tempo de serviço: cópia do original certificada com tradução 

Se a memória não me atraiçoa, é está a documentação necessária. A minha tradução foi feita através do transcritório. Procurem no Google e encontrarão. Fica em conta e a senhora que trata das traduções é bastante disponível. Enviam a documentação por e-mail e ela envia-vos tudo o que é necessário em carta registada.

Quanto ao formulário do NMC deve ser preenchido em maiúsculas e a preto (😊comecei a azul e tive que cobrir tudo a caneta preta mais grossa, inclusivé a assinatura médica pois é necessário um atestado  que é passado no próprio formulário. Não houve problemas!)

Devem guardar o PRN - PIN Registration Number que vem na folha de rosto do formulário para qualquer questão que queiram colocar ao NMC sobre o vosso processo. Será também necessário para o pagamento das despesas de inscrição. Estando tudo reunido, devem remeter para o NMC e proceder ao pagamento das despesas de inscrição (on-line, transferência bancária ou cheque).

Se estiver tudo correcto segue-se uma espera que ao que me apercebi é variável e recebem a confirmação da inscrição em vossa casa, juntamente com os dados para o pagamento da cota anual. Depois disto tudo, os meus parabéns, podem exercer enfermagem no reino unido!🎉🎉🎊🎊

Deixemos a conversa sobre empresas de recrutamento para o próximo post.

Fiquem à vontade para colocar qualquer questão ou pedir algum esclarecimento. Confesso que já lá vai algum tempo (comecei o processo em Dezembro de 2013 e recebi a inscrição em Junho de 2014) mas estou disponível para tentar ajudar.